A vacina dói, pois dói?
Olá, Sobrinha.
Há muito que não guardo as tuas histórias neste cantinho que é de ambas. Talvez porque falar das tuas diabruras sem te ter perto não é tão divertido, ou talvez porque as saudades são tantas que todas as histórias são poucas para encher os meus olhos - soltas na memória , sem letra escrita que as prenda, rodopiam e saltitam, jogam às escondidas e até ao peixinho... e sinto que estás comigo.
Mas hoje... ah, hoje! A Tia ouviu a tua conversa com a Avô e teve mesmo, mesmo, mesmo de guardar a história antes que esta fugisse dos ouvidos.
- Então, Neta, como estás?
- Estou muito triste, Avô.
- Triste, Neta? Então, porquê?
- Quando a Mãe e a Tia levaram a vacina, doeu e ficaram doentes. Até tu ficaste adoentada, Avô, não foi?
- Foi, o corpo reage de maneir...
- Pois, mas a vacina dói, pois dói? A mim também me doeu. Só que hoje fui levar a outra dose e não doeu nada. Nadinha, Avô, nem um bocadinho!
- E estás triste por isso, Neta?!
- Estou. É que desconfio que a enfermeira se enganou e a seringa estava vazia. E agora a Mãe não acredita e eu fico sem a outra dose!